Depoimentos de Pioneiros

Senhor Jaime Rodrigues



Aos 74 anos de idade o Senhor Jaime Rodrigues, nascido na cidade de Peixe-TO, nos relata com orgulho a sua contribuição para o Estado do Tocantins, especialmente à cidade de Palmas.

“Fui convocado em 1990, pelo então Governador José Wilson Siqueira Campos, para trabalhar na cidade de Miracema, na Fundação Santa Rita de Cássia, hoje Secretaria de Ação Social do Estado. Só então seguimos para Palmas. Quando lá chegamos, ficamos arranchados debaixo de uma árvore, onde foi construído um galpão de madeira (tábua) rústica. Nesse galpão, Dona Aureny Siqueira Campos criou a Fundação Santa Rita de Cássia, passando a atender os que ali chegavam em suas necessidades sociais. Nesse mesmo período, a Fundação deu início à construção das primeiras casas no setor que passou a se chamar Aureny – I.”

Quando perguntamos o que mais o entusiasmou neste período de construção da capital, ele respondeu: “─ O que mais me atraiu foi pensar que estava fazendo parte da fundação e implementação da Capital do Estado do Tocantins. Foram dias difíceis, trabalhávamos em um galpão de tábua, como já disse, localizado atrás do Palacinho, ali mesmo cozinhávamos e dormíamos em colchões espalhados pelo chão. Entretanto, se fosse para recomeçar, eu faria tudo novamente, pois me considero um vitorioso, por fazer parte de tudo isso. Alguns anos depois fui homenageado com o título de “Oficial da Ordem do Mérito do Estado do Tocantins”, por relevantes serviços prestados ao Estado. Homenagem feita pelo então Governador Siqueira Campos.”

Quando pedimos que o senhor Jaime resumisse com uma frase tudo o que viveu, ele disse: “─ Eu faria tudo outra vez”.



Francisco Valdécio Mossoró

Dr. Francisco Valdécio Mossoró, advogado, natural da cidade de Mossoró-RN. Fundou o partido Verde em Palmas, vindo a ser o seu primeiro presidente. Sua luta, desde o início da capital, foi abrir uma discussão política envolvendo a preservação do seu meio ambiente e a busca de um estado novo com desenvolvimento sustentável. Foi candidato a prefeito de Palmas em 1996. Defendeu a criação de um estado aberto a discussões sobre políticas públicas de preservação do meio ambiente. Veio para Palmas a convite do irmão Dr.Francisco Melquíades Neto, candidato a deputado federal com a criação do estado novo de Tocantins em 20/05/1989, quando foi lançada a pedra fundamental da cidade de Palmas, que até então, se mantinha como 06 fazendas improdutivas pertencente ao município de Taquaruçu. Ficou acordado com o prefeito deste pequeno município, assumir o primeiro mandato da prefeitura de Palmas (mandato tampão).

Dr. Mossoró sempre acompanhado pela sua esposa Dr.ª Maurinéa, também advogada, que compartilhava com o marido a consciência pelo novo, presenciaram, juntos, a construção do primeiro palácio do governo (o palacinho), a sede dos três poderes - o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário - todos erguidos em madeira. Pelos quais, de fato, formalizou o estado do Tocantins e sua capital Palmas. Com o estado oficialmente criado, Siqueira Campos foi eleito governador.

Dr.ª Maurinéa lembra das estradas sendo abertas, da fauna sendo espalhada pelas queimadas, dos gaviões a espreita da presa e dos animais migrando para a serra.



Marcos Antony Stevis Villas Boas




“Conheci Palmas logo no início, quando os tratores ainda abriam as Avenidas JK e Theotônio Segurado. Estávamos no mês de outubro de 1989. Eu acabara de tomar posse do cargo de Juiz de Direito na Comarca de Dianópolis-TO. No ponto central da futura Capital havia um enorme painel onde se lia:” Palmas, futura Capital do Tocantins”. Acreditei naquela placa desde o primeiro momento, pois trazia comigo as lembranças dos primeiros anos de Brasília. Além disso, havia um magnetismo naquele local, uma forte energia transcendente, como se fosse um chamado, uma profecia viva. O presente e o futuro convivendo simultaneamente. Esse mesmo sentimento percorria meus nervos, minhas veias e aflorava em minha alma até a bem pouco tempo, principalmente quando descia a Avenida Theotônio Segurado em direção à Praça dos Girassóis. A cidade que ainda estava por construir acumulava essa energia de todos em busca da realização. A obstinação, a ansiedade, a pressa em fazer, o amor pelo novo, a aventura do desbravamento fizeram de Palmas uma Capital diferente, movida pela fé, pelo trabalho, pela esperança. A arquitetura aliada ao paisagismo: concreto, vidro, jardins. As árvores nativas do cerrado, preservadas em belos canteiros e praças. O traçado urbanista arrojado e livre, sem embaraços, marcado por grandes avenidas foi personificando essa grande cidade por nós erguida no centro geodésico do Brasil, no coração do cerrado. Uma gigantesca obra de arte ao ar livre, emoldurada pelo Lago de Lajeado e pela Serra do Carmo, que passou a atrair a atenção dos artistas e o gosto pela arte desde os primórdios de sua construção. A arte plástica ganhou espaços e passou a ser agregada a edifícios públicos e a integrar suas fachadas. O maior monumento de Palmas, entretanto, são seus habitantes, homens e mulheres que edificam uma nova cultura onde antes havia um cerrado inóspito. Homens e mulheres fervorosos, que edificam templos e louvam a Deus, que são solidários e compreendem o sofrimento do próximo pela medida dos seus próprios sofrimentos. Uma sociedade cristã que tem a missão apostólica de amar.” VILAS BOAS



Francisco Sousa





Entrevista com o Senhor Francisco Sousa, pioneiro de Palmas, que veio para nova capital aventurar à procura do melhor para si e para a família. Trabalhando como pedreiro, este senhor humilde e honrado, atualmente vive das casas que faz para vender, na cidade de Palmas.
Casado com a Senhora Antonia, formada em Pedagogia, o casal tem três filhos, um formado em Contabilidade, que passou no concurso para Analista de Sistema do Tribunal de Contas; e outras duas filhas, que fazem Direito e trabalham na TAM e CELTINS, respectivamente.
Quando e por que o senhor veio morar em Palmas?
Vim tentar a vida em Palmas em 15 de fevereiro de 1990. Nasci no Piauí na cidade de Joaquim Pires, mas residia no Maranhão quando mudei para Palmas. Meu objetivo era trabalhar e, naquela época, ninguém acreditava que isso aqui daria certo. Cheguei sozinho e, com 29 dias a minha mulher apareceu aqui com nossos três filhos, sem avisar.
Fiz muitas casas sob encomenda, mas atualmente faço casa para vender, é um dos bons negócios em Palmas.
Qual foi a maior dificuldade para vocês, no início da Capital do TO?
Naquela época não tinha água e nem energia elétrica, ventava muito, fazia muito frio nesta época de junho e julho, e com mulher e filhos, acabei por invadir o terreno onde edifiquei minha residência e vivemos nela até hoje.
No governo de Moisés Avelino houve muitas invasões. Em 1991 esta área foi invadida, eu vim e fiz meu barraco de tijolo, hoje a 306 sul é hoje uma das melhores quadras. Aqui não tinha nada na época, só nos e um vizinho ali, mas na frente.
Depois quando Siqueira assumiu eu paguei 2 mil e 10 cruzados novos pelo terreno, era muito dinheiro na época.
Cortei da Arse 22 e trouxe água e energia elétrica, sozinho eu coloquei os postes eram de madeira.
O que foi válido nesta sua mudança?
Tranquilamente eu acho Palmas o melhor lugar pra se morar. Aqui a violência ainda é pequena e drogas também não se vêem. A água é boa, a qualidade de vida é boa. Tive muita sorte aqui em Palmas, graças a Deus.
Como ninguém é daqui, as pessoas, de certo modo, são muito retraídas. A vida aqui é tranqüila, não tenho planos de sair daqui.
O Senhor Francisco é um dos muitos pioneiros que vieram construir a Capital Palmas. Como ele, outros aqui se estabeleceram e construíram suas vidas, buscando também realizar seus sonhos.

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